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CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

13
Set11

NICKY PELLEGRINO FALA DE AS RAPARIGAS DA VILLA

Rita Mello

Muitas vezes que as coisas não correm da forma como eu esperava. Quando o meu primeiro romance, Caffè Amore, foi publicado no Reino Unido na capa estava escrito “a mais convincente história de amor do ano”. Como? História de amor? Não fazia absolutamente nenhuma ideia que tinha sido isso o que eu escrevera.

Ao longo dos anos continuei a escrever histórias sobre amizade, família e comida passadas entre Itália e Inglaterra, livros que eu classificaria como ficção feminina contemporânea, mas que outras pessoas chamavam de histórias de amor ou chick lit.

Por isso quando embarquei no meu mais recente romance, As Raparigas da Villa, decidi que era altura de escrever uma verdadeira história de amor. Uma história de amor mesmo boa. De propósito.

Não correu assim tão bem. Fundamentalmente, o que me apercebi desde cedo foi que não fazia a mínima ideia do que levava uma pessoa a apaixonar-se por outra. Era o sentido de oportunidade? Necessidade? Destino? Luxúria? Ou era algo completamente diferente?

Precisava de pesquisar. Uma noite, durante uma viagem de carro, perguntei ao meu marido, com quem estou há doze anos: “O que achas que nos levou a escolhermo-nos um ao outro, apaixonarmo-nos e vivermos felizes, meu amor?”

Sem tirar os olhos da estrada, ele respondeu: “Tu colaste-te a mim, não foi?”

Mais ninguém me conseguiu dar uma grande ajuda. Amigos e familiares tiveram dificuldades em definir com exatidão o que os tinha unido. Comecei a sentir uma inimaginável simpatia pelo príncipe Carlos, que, quando lhe perguntaram se estava apaixonado pela sua nova noiva, Diana Spencer, ele respondeu: “O que quer que estar apaixonado signifique.”

O amor é um grande mistério. É precisamente por isso que tantos poemas, canções e histórias foram escritos sobre ele. A ciência não o consegue verdadeiramente explicar. O amor é fenomenal. Até agora a minha tentativa para escrever um romance não o era.

A minha salvação chegou na forma de um convite de Branka Simunovich para visitar a sua vasta herdade de cultivo da azeitona a sul de Auckland para assistir à colheita. Assisti ao fruto a ser abanado das oliveiras e a seguir prensado, provei uma colher desse líquido divinal e ouvi Branka a falar com uma grande paixão do azeite. E decidi que As Raparigas da Villa seria uma história sobre uma herdade de oliveiras.

Houve outras coisas que me influenciaram. Por exemplo, apercebi-me de que escrevera quatro romances sobre comida e Itália sem nunca ter lidado com as por vezes complicadas relações que as mulheres têm com a comida ou com a corrupção presente no quotidiano italiano, principalmente no Sul.

Até que um dia em que me devia estar a sentir ligeiramente esgotada, tive um momento mal-humorado sobre a forma como hoje em dia toda a gente é tão ambiciosa, sempre a tentarem alcançar mais, nunca satisfeitos. E interroguei-me como seria escrever uma história sobre alguém completamente satisfeita com a vida tal como ela é e não enveredando por um caminho de autoaperfeiçoamento.

E assim As Raparigas da Villa tornou-se no romance sobre uma jovem inglesa chamada Rosie – uma estilista gastronómica que não quer mudar nada na sua vida. E sobre um jovem chamado Enzo, que vai herdar uma enorme herdade dedicada ao cultivo de azeitonas e que não tem a certeza que quer o que a vida tem reservada para ele. Este era um enredo forte o suficiente para desenvolver o meu tema realista, apesar de ter dado também origem a um gosto financeiramente ruinoso por azeites de elevada qualidade.

Ainda é cedo, mas até agora as pessoas parecem gostar do livro. Um dos meus editores qualificou-o de “emotivo, com um ritmo maravilhoso e convincente”.

O meu marido diz que é um livro impossível de pousar e que lhe provocou uma lágrima no canto do olho (e eu bem sei o quanto ele pode ser brutalmente honesto). E assim escrevi mais um livro sobre amizade, família e comida. Mas é uma história de amor? Hum, muitas vezes as coisas não correm da forma como eu esperava…

(Artigo de Nicky Pellegrino publicado no New Zealand Herald)

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