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CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

13
Mar09

LILI LA TIGRESSE – A CRÍTICA DA LER

Rita Mello

Lili é uma mulher de peso, voluptuosa e voraz, excessiva em tudo. Perdeu a virgindade na casa de banho de um avião, com um rapaz japonês. Ninush, a amiga, é uma neurótica magrinha, que só faz da vida do seu namorado Léon uma constante miséria. Lili vive com um oficial que vem sempre cansado da guerra. As duas amigas são iguais apenas na solidão e insatisfação das suas vidas. Mais tarde, Lili reencontra o tal japonês. Com surpresa, descobre que é um mutante, que lhe oferece um tigre bebé. Alona Kimhi, nascida em Lvov, Ucrânia, em 1966, autora de Susana em Lágrimas, o seu primeiro romance, best-seller mundial, acrescenta algo mais à interrogação do que é ser humano, num registo exuberante, quase surreal, cheio de humor feroz e observações delirantes. A vida dessa mulher é uma busca de como preencher o “vazio da expectativa”, numa vida em que “o tempo flui, o tempo fissura-se. Tempo oco, todo ele presente contínuo. Não há passado, nem futuro, esperança ou medo. A viagem que temos diante de nós é longa e não é certo que algum dia cheguemos ao nosso destino”. O tigre funciona como um sinal, uma poderosa presença, um desejo de libertação dos constrangimentos, mas também o núcleo mais vital de Lili, o único capaz de apontar o caminho do grande horizonte.

26
Fev09

E OS VENCEDORES DO PASSATEMPO LILI LA TIGRESSE SÃO...

Rita Mello

 

Patrícia Elias

A beleza e a dignidade de só agradar a quem se deseja. A disposição e o tempo para se deleitar com um momento de pausa ou para analisar perspicazmente o que nos rodeia. Uma propensão para deambular após o ocaso. Que animal poderia ser senão um gato?

 

Vanessa Casais

Se eu fosse um animal seria um caracol e viveria nas madeixas de cabelo do meu amor!

 

Nuno Gonçalves

Seria um ser humano! Porque de outra forma não poderia ler e não existe maior liberdade do que viajarmos na nossa imaginação...

11
Fev09

LILI LA TIGRESSE – EXCERTO

Rita Mello

Com um suspiro de tristeza separo-me dos maravilhosos odores o banho e embrulho-me numa toalha áspera de tão limpa. O meu corpo absorve o contacto e volta a ser inundado pelo desejo de outro contacto, quente, humano. Um contacto que penetraria no sangue através dos poros da pele, uma pele agora livre do pó e do suor, mais receptiva à corrente cósmica do desejo e às suas vibrações veiculadas pela poluição urbana. Ninush está atrasada, naturalmente, e vou ter de prescindir dos seus bons conselhos na escolha do vestido.

 

O meu corpo opulento transborda como o de uma antiga deusa da fertilidade. Tenho de recuar um passo para que todas as minhas curvas se reflictam no espelho estreito do armário. Afasto a ferroada de dor – as palavras de Amikam naquela noite fatal em que me anunciou ter decidido cancelar o nosso casamento e despedir-se de mim para sempre.

 

Até hoje me envergonho ao lembrar-me de como chorei e rastejei aos pés dele pelos ladrilhos do apartamento que o kibutz pusera à sua disposição, entre as paredes cobertas de máscaras africanas e de tapetes afegãos e as estantes cheias de livros da editora Am Oved, de estatuetas de marfim e cinzeiros feitos com as mãos embalsamadas de infelizes gorilas. Gemi promessas de dietas, de operações para encurtar os intestinos, de banda gástrica, de obstrução dos maxilares e então talvez, sim, talvez então ele concordasse em esperar, e ele acenava com a cabeça, «Talvez, Lili, talvez então», embora ambos soubéssemos que a natureza do meu corpo era tal que recusaria qualquer intervenção externa e que não havia jejum capaz de o libertar das suas dimensões, como se, no seu interior, algo secreto, sombrio, aspirasse sempre a tornar-se maior e mais largo, e se erguesse obstinadamente contra todas as minhas tentativas para o reduzir.

 

Leia mais aqui.

10
Fev09

TIGRE DE PAPEL – UMA MULHER DE 112 QUILOS EM TELAVIVE

Rita Mello

É irresistível a protagonista de Lili la Tigresse, o último romance da ucraniana Alona Kimhi, que vive desde 1972 em Israel, onde é famosa pelos seus bestsellers traduzidos em diversas línguas. A sua Lili leva uma existência semelhante a todas as jovens gordas numa qualquer cidade do mundo ocidental, entre a fantasia de uma vida diferente e a frustração quotidiana. As suas amigas magras Ninush e Micaela não são mais felizes do que ela: uma presa a um homem violento e a outra com a esperança de conseguir deixar de viver na miséria. Mas, um dia, um antigo amante japonês, agora transexual, oferece a Lili um tigre bebé. E o contágio do mundo selvagem e ancestral – que está por detrás de todos nós – vai ser fatal.

 

Lili é uma grande personagem: intensa, complexa e a transbordar de vida. Porque escolheu uma personagem gorda?

 

Porque ser-se gorda representa, para a mulher, o máximo da vulnerabilidade. Uma mulher gorda como ela é sensível, hiperemocional, extra-sensual, escrava de desejos masoquistas. É uma hedonista cheia de vergonha, incapaz de corresponder aos requisitos mínimos da civilização, que impõe o sublime e disfarça todos os de instintos. Em Telavive, as mulheres também passam por maus bocados. Há uma grande dissonância no meu país em relação à imagem da mulher israelita, dura e quase agressiva – a mulher-soldado, a feminista ocidental transplantada para o Oriente primitivo –, e a sua essência mais autêntica: uma cidadã de segunda classe num Estado, Israel, com a pretensão de pertencer ao Ocidente. A obsessão permanente da sobrevivência e, desse modo, a importância que é dada à segurança e à política externa não permitem a Israel investir energia e recursos nas minorias, mulheres incluídas.

 

A cena de sexo entre Taro e Lili é bastante anticonvencional, algo muito raro quando se escreve sobre sexo.

 

Sou uma grande apoiante do distanciamento quando escrevo. E isso é ainda mais importante numa cena de sexo, que não é uma confissão pessoal. Assim posso ser precisa, verdadeira, original, mantendo no entanto o controlo total. Essa cena é o meu presente para o leitor, e é ele quem deve identificar-se, envolver-se e excitar-se, e não eu, que escrevo.

 

Como teve a ideia do tigre bebé?

 

Fui muito influenciada pelos livros de Angela Carter, pelo seu modo de inserir o fantástico numa narração realista, que não é uma prerrogativa exclusiva do realismo mágico sul-americano. Também eu procuro fundir esse mundo fantástico e exuberante na realidade quotidiana israelita. Veio-me agora à mente uma história que se passou há alguns anos, quando o Circo Medrano ofereceu tigres bebés, causando um grande escândalo.

 

(Artigo da autoria de Monica Capuani publicado na D – La Repubblica delle Donne)

09
Fev09

LILI LA TIGRESSE – ALONA KIMHI

Rita Mello

Lili é uma mulher extremamente emocional e assustadoramente sensível.

Lili é uma mulher exuberante, intensa e excessiva.

Lili pesa 112 quilos e vive sozinha desde que o seu noivo, assustado com semelhante peso, anulou o casamento à última hora.

Ninush é magra mas igualmente infeliz, condição para a qual o seu namorado – Léon – contribui activamente. O ciumento Léon, que enriqueceu graças à invenção de collants eléctricos contra a celulite, está decidido a proteger Ninush de tudo e todos… nem que para tal tenha de usar métodos musculados.

Estas duas solitárias tornam-se inseparáveis. Ou melhor, quase inseparáveis. Numa noite em que Léon proíbe Ninush de sair de casa, Lili decide ir sozinha ao circo. Atónita, descobre que o domador de feras é nada mais nada menos do que Taro, o japonês que lhe tirou a virgindade na casa de banho de um Boeing 737. Taro está de regresso ao Japão, mas antes de partir oferece-lhe algo surpreendente: um tigre bebé. Face a um mundo desconhecido, selvagem e ancestral, a vida de Lili e de todos quantos a rodeiam vai mudar para sempre.

Excêntrico e extravagante, Lili la Tigresse impõe Alona Kimhi na cena literária internacional como uma das mais originais escritoras da sua geração.

09
Fev09

LILI LA TIGRESSE – A CRÍTICA

Rita Mello

Lili la Tigresse é o novo romance da israelita Alona Kimhi (Edições Asa, que já tinham lançado Susana em Lágrimas, uma história imperdível). Kimhi é um perigo: escreve bem, é belíssima e gosta de Portugal. E o livro merece.”

Francisco José Viegas, Correio da Manhã
 
“Um romance maravilhoso sobre a inquietante estranheza do ser.”
Le Magazine Littéraire
 
“Divertido e delirante, Lili la Tigresse conduz o leitor de surpresa em surpresa.”
Livres Hebdo
 
“Uma pérola de virtuosismo de Alona Kimhi, que tanto está à vontade na truculência como na fantasia.”
Lire
 
“Uma prosa irónica, quase sádica… Maravilhosamente divertida, neuroticamente lúcida e narrativamente eloquente.”
Die Welt
 
“Irresistível… Lili é uma grande personagem: intensa, complexa e a transbordar de vida.”
D – La Repubblica delle Donne
09
Fev09

ALONA KIMHI

Rita Mello

Alona Kimhi nasceu em Lvov, na Ucrânia, em 1966 e emigrou para Israel com a família quando tinha seis anos. Estudou Teatro e trabalhou como actriz, jornalista, argumentista, dramaturga e encenadora. Susana em Lágrimas, o seu primeiro romance, foi um bestseller mundial, tendo sido publicado pela ASA e galardoado com o Prémio Bernstein para o melhor romance de Israel em 1999 e o Prémio WIZO em 2002. Alona Kimhi venceu ainda o Prémio do Primeiro-Ministro de Israel em 2001.

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