O seu mais recente romance revisita a família Martinelli, que já havia entrado em A Noiva Italiana. Aparecem também algumas personagens e lugares (Villa Rosa) de Os Ingredientes do Amor. O seu próximo romance é baseado nas mesmas personagens e lugares?
Na verdade, a família Martinelli entrou em As Raparigas da Villa sem ser convidada. Planeava incluir apenas Addolorata, mas o resto da família forçou a sua entrada. Ainda assim, gostei de ter conseguido ligar esta história com três dos meus livros, tanto em termos de personagens como de cenários. A ideia é que possam ser lidos em qualquer ordem e se possa reconhecer as pessoas e os lugares à medida que se vai lendo, mas, na verdade, também não importa muito se não os reconhecermos.
O romance no qual estou a trabalhar atualmente é muito diferente. Passa-se nos anos 50 em Roma e é sobre música e fama. Para já, o meu trabalho resume-se a passar bastante tempo a ver o filme Férias em Roma.
O tema gastronómico ecoa ao longo dos seus romances. Cozinha? E o que gosta de cozinhar?
Eu adoro mesmo comer e, inevitavelmente, isso significa que tenho de cozinhar. Adoro explorar novos sabores. No verão passado cozinhei imensa comida asiática, baseada em malaguetas, limas, molho de peixe e vinagre de arroz. No último ano passei por uma fase do Sul da Índia. Mas no fundo é à cozinha italiana à qual volto sempre. Faço um excelente risotto, apesar de ser melhor quem está preocupado com o seu consumo de queixo e manteiga evitá-lo.
Com quais das suas personagens se identifica mais?
Acho que todas as protagonistas que escrevi até agora têm um pedaço de mim. Em Os Ingredientes do Amor, parte da história de Alice era autobiográfica. Neste novo livro a protagonista, Rosie, tem uma relação com a comida com a qual me identifico. Acho que não consigo resistir à tentação de colocar um pouco de mim nas minhas protagonistas.
Que autores influenciaram o seu estilo de escrita?
Adoro escritoras como Jane Smiley, Rose Tremain, Andrea Levy e Audrey Niffenegger, mas acho que nenhuma delas influenciou o meu estilo de escrita. Quem me dera que bastasse ler uma obra brilhante para se poder escrever de forma brilhante.
Também costuma escrever críticas a montes de livros. Qual o seu género preferido?
Não gosto de romances policiais sangrentos e crus e não sou grande fã do género fantástico, mas tirando isso gosto de todos os géneros. Por isso, desde que seja arrancada por completo ao meu próprio mundo e puxada para dentro da história, não me importo que seja um romance histórico, literário, um thriller, uma história de fantasmas ou o tipo de ficção feminina contemporânea que eu própria escrevo.
Que conselho daria a aspirantes a escritor?
Façam-no! Deixar para depois é a coisa mais fácil do mundo e há sempre uma razão para não escrever. Geralmente, aconselho as pessoas a traçar uma meta – nem que sejam apenas mil palavras por semana – e a cumprirem-na.
Qual o seu objetivo para os próximos cinco anos?
Não sou de fazer grandes planos. Os meus objetivos atualmente são acabar o livro no qual estou a trabalhar, expandir a minha horta e perder dez quilos (como sempre). A determinada altura gostaria de ir viver um ano em Itália, mas tenho cães, um cavalo e um marido e não me vejo a abandoná-los durante tanto tempo.
Tem alguma pergunta que gostaria que um entrevistador lhe tivesse colocado e qual seria a sua resposta a ela?
Este é o meu quinto romance com sabor a Itália e nunca ninguém me perguntou por que razão não escrevo uma história que se passe noutro país. A resposta a isto é que para escrever sobre um lugar é preciso conhecê-lo bem mas estar afastado dele. Em criança passava as minhas férias em Itália, tenho um pai italiano e volto lá ano sim ano não, sempre que possa. Para além da comida sou fascinada pela personalidade dos Italianos, só assim se explica que tenham um primeiro-ministro como Silvio Berlusconi!
(Entrevista publicada no TVNZ)