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CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

16
Abr09

AGRIDOCE – A CRÍTICA DO JORNAL DE NEGÓCIOS

Rita Mello

A família continua a ser o epicentro de muitos dos melhores romances que nos vêm do Oriente (seja de autores chineses, indianos ou paquistaneses). É esse o caso de Roopa Farooki que, neste delicioso Agridoce, nos conta os segredos e mistérios de uma jovem apaixonada (Shona Karim). A autora, nascida no Paquistão, vive em Londres e isso, de alguma maneira reflecte-se no olhar cândido para o universo da família Karim, das ligações do universo paquistanês com as culturas ocidentais, e dos desencontros entre mundos civilizacionais diferentes por parte de quem já não faz parte de nenhum deles. Uma obra fascinante e que emociona.

26
Mar09

E OS VENCEDORES DO PASSATEMPO AGRIDOCE SÃO...

Rita Mello

 

Cátia Pinto:

Amor agridoce... o equilíbrio entre o doce momento passado ao teu lado e o amargo sabor da tua ausência.


Lisete Ferreira:

O agridoce da vida é tão simples de explicar...

é o amargo em cada despedida

é o amor em cada olhar...


Rafaela Castro:

Meio doce... meio amargo...

é assim o amor

e deste jeito agridoce

vou ficando viciada

não sei se na alegria que me trouxe

Ou se no desespero e na dor!


Carlos Antunes:

Não, ninguém me contou, que o teu amor é agridoce, provei-o dos teus lábios quando os nossos corpos dançavam sozinhos por entre a multidão.

Não, ninguém me contou, que o teu amor é agridoce, senti-o nas tuas palavras quando os nossos olhos se separam de vez em lágrimas.

 

Luís Figueiredo:

Amor que não é agridoce, é somente um acabou-se

 

25
Mar09

A VERDADE POR DETRÁS DA FICÇÃO – ROOPA FAROOKI (PARTE II)

Rita Mello

 

A última vez que vi o meu pai foi em Paris, em 2002, num dia gelado de Dezembro, algumas semanas antes de morrer. Era onde o encontrava mais vezes, já que estava proibido de entrar no Reino Unido desde a minha adolescência; o seu cadastro impedia-o de pedir um visto. Por esta altura, ele também já tinha arranjado maneira de ser impedido de entrar nos Estados Unidos; já não via a mulher há meses – ela estava a tomar conta da mãe, que sofria de uma doença terminal, e não podia viajar, mas ele também não se mostrava preocupado com isso. Já ia na casa dos setenta, e o seu estilo de vida caótico repercutira-se na sua diabetes e no seu triplamente atacado coração e já sujeito a um by-pass, mas tinha até agora recusado se submeter-se a tratamentos médicos no Paquistão, onde os seus irmãos mais novos podiam tomar conta dele. Apesar de tudo, ele não podia jogar no Paquistão com a liberdade com que o fazia em França.

 

Eu tinha ido a um dos subúrbios cinzentos de Paris para uma reunião (na altura, trabalhava em publicidade), e sabendo que o meu pai estava em convalescença e a jogar em Deauville depois de mais um ataque cardíaco, consegui marcar um encontro com ele na estação de comboios. Ele disse-me ao telefone que tinha finalmente decidido regressar ao Paquistão para ser tratado, e eu sugeri-lhe que nos encontrássemos e partilhássemos um táxi até ao aeroporto. Ele estava terrivelmente magro e fraco, mas ainda cheio de entusiasmo, enumerando alegremente os nomes de pessoas mais jovens e saudáveis que ele conhecia e a quem ele já sobrevivera. “Toda a gente diz que estou a morrer, mas eu ainda não estou morto!”, exclamava exuberantemente.

 

23
Mar09

A VERDADE POR DETRÁS DA FICÇÃO – ROOPA FAROOKI

Rita Mello

O pai de Roopa Farooki, autora de Agridoce, foi um mentiroso compulsivo e foi condenado diversas vezes por crimes de colarinho-branco, mas, ao menos, não era uma pessoa aborrecida. Em baixo, deixo-vos com a primeira parte de um artigo de Roopa Farooki publicado no The Guardian, em que a autora revela como foi crescer com um pai digno de uma personagem de um romance.

 

“Então, Roopa, o que a inspirou?” Era uma pergunta bastante óbvio e, por isso, eu devia estar preparada para ela. Estava sentada num gabinete abafado naquela que seria em dentro em breve a minha editora. Tinha deixado o meu bebé com três semanas com o pai e uma garrafa com leite materno, e como a King’s Cross estava fechada, fora obrigada a vir a pé desde Euston no pico do sol. À chegada, tive de ouvir com espanto uma sala cheia de pessoas que trabalham em edição a dizer o quanto adoraram o meu primeiro romance, que é sobre três gerações de uma família de Bengali cujas relações são definidas e comprometidas pela mentira. E depois chegou a pergunta óbvia. Eu sabia a resposta e, apesar de querer vontade de mentir, estava demasiado aturdida para inventar algo de convincente em tão curto espaço de tempo. Por isso, disse a verdade.

 

 

Expliquei que o meu interesse pessoal no impacto dos enganos nas famílias – todos aqueles factos incómodos que são varridos para debaixo do tapete e ignorados em nome do bem comum, todas aquelas mentiras imaginativas que usamos para a nossa comodidade e para esconder coisas – se devia ao meu pai, um charmoso e incurável vigarista que achava que dizer a verdade era aborrecido, uma vez que era pouco imaginativo. O facto de outras pessoas dizerem a verdade levou-o à prisão em mais do que uma ocasião e em mais do que um país. Ele continuou a fazer isso quando já era um sessentão com idade para ter juízo. A última que me lembro dele foi quando vendeu a alguém um barco em Paris – o que não é nenhum crime, só que o barco não era dele.

 

 

 

10
Mar09

O LIVRO DE RECEITAS DE SHONA – DICAS ÚTEIS DA PIOR COZINHEIRA DO MUNDO

Rita Mello

Tendo sido persuadida pelo ginecologista a abandonar a dieta restritiva que impusera anteriormente a Parvez, preparara-lhe na noite anterior o prato preferido dele, koftas de borrego, desta vez apenas levemente esturricadas, e talvez com um pouco de alho a mais. Os cozinhados de Shona não tinham melhorado muito, embora Parvez nunca se queixasse e até a felicitasse pelos seus esforços na cozinha. Como resultado disso, ela tinha começado a pensar que os seus cozinhados eram agora aceitáveis e como bónus pôs-lhe duas das koftas menos queimadas ao lado dos ovos estrelados, com muito molho da frigideira para ensopar a torrada.


– Mmm, cheira bem, Goldie – mentiu Parvez, fitando com tristeza os seus ovos estrelados bastante aceitáveis, mas totalmente arruinados pela adição de
koftas queimadas e pedaços negros de carvão a boiar num molho gorduroso.


(Retirado de Agridoce)

 

 

Shona Kharim: As pessoas pensam que fazer ovos estrelados é fácil, mas não é. Os ovos mexidos é que são fáceis – fáceis de fazer, porque não é nada fácil raspar os restos da frigideira, sendo que a máquina de lavar parece que solda ainda mais os pedaços à frigideira. O truque dos ovos estrelados é não deitar muito óleo no início, porque o óleo pode saltar, nem deitar pouco óleo, se não os ovos ficam colados à frigideira. E o lume deve ser brando – se estiver muito forte a parte de baixo fica queimada antes que a parte de cima fique pronta. Uma tampa ajuda a cozinhá-los bem e o truque está em usar uma colher de chá para deitar um bocado de óleo por cima das gemas para não se esborracharem com tanta facilidade. Tive sempre muito orgulho dos meus ovos estrelados; são uma das poucas coisas que consigo fazer de forma aceitável.

 

05
Mar09

"O MEU RABO PARECE GRANDE NESTAS CALÇAS?" – ENTREVISTA COM ROOPA FAROOKI

Rita Mello

 

Agridoce é sobre o impacto que as mentiras podem ter nas relações familiares. Na sua opinião, uma mentira pode ser positiva?
Às vezes temos de mentir para sermos educados, e é por isso que existe apenas uma resposta aceitável para a pergunta: “O meu rabo parece grande nestas calças?”

 

Pensa que a mentira desempenha um papel preponderante nas culturas dos imigrantes do Paquistão e Bangladesh?
Penso que muitas famílias de imigrantes do Paquistão e do Bangladesh ainda lutam com uma disparidade entre os seus valores orientais e islâmicos e os da sociedade ocidental onde escolheram viver, na medida em que comportamentos tradicionalmente “inaceitáveis” como a homossexualidade, o namoro, a bebida e o jogo não são abertamente aceites pela primeira geração, forçando os membros mais jovens e mais ocidentalizados da família a mentirem. Dito isto, em Agridoce, os conflitos morais das personagens, que os conduzem à mentira, não são resultado de dilemas religiosos ou choques culturais, mas devem-se antes às suas próprias emoções muito pessoais e ambíguas.

 

As suas personagens são representativas das comunidades imigrantes do Paquistão e do Bangladesh?
Vivi em três zonas de Londres com uma grande proporção de imigrantes, Tooting, Bethnal Green e Southwark, e inspirei-me nas pessoas que conheci nesses locais, bem como na minha própria experiência. A confeitaria de Bhai Hassan e o bem-sucedido negócio de restauração de Parvez têm muitos equivalentes reais
em Tooting. No entanto, as minhas personagens são da classe média, não representando a maioria dos imigrantes. Foi recentemente noticiado, em Abril de 2007, que, no Reino Unido, cerca de dois terços dos imigrantes de Bengala ainda vive na pobreza.

 

03
Mar09

LEIA OS PRIMEIROS CAPÍTULOS DE AGRIDOCE

Rita Mello

Henna tinha treze anos quando foi jovialmente casada com o filho mais velho de uma das melhores famílias de Calcutá, e o seu casamento foi conseguido através de uma audaciosa teia de mentiras, tão elaboradas e impudentes quanto os adornos dourados do seu sari escarlate de noiva. Os familiares paternos de Henna eram vigaristas de profissão, comerciantes de Bengala que haviam construído a sua fortuna a vender secretamente pós e pastas de origem suspeita, para aliviar o enfado e fadiga dos expatriados britânicos que cumpriam o seu purgatório no governo local de uma Índia pré-independência. Esses dias gloriosos tinham desaparecido com os ingleses uma década antes, mas o pai de Henna continuava a ser uma daquelas pessoas que não perdia uma oportunidade de negócio – quando soube que a família Karim, uma família abastada, proprietária de terras, e de pele invulgarmente clara, ia estar de visita às suas herdades nos arredores de Daca, não perdeu tempo em efectuar um reconhecimento eficaz.

O seu modesto plano inicial havia sido fomentar uma aliança comercial, mas tornou-se mais ambicioso quando descobriu que podia deitar a mão a uma aliança mais lucrativa e permanente. Tomou conhecimento de que o filho deles, Rashid, que preferia ser chamado Ricky, estava em idade de casar, mas tinha uns gostos tão bizarros que a família, frustrada, ainda não conseguira encontrar-lhe uma noiva. Fora educado no estrangeiro e insistia que a sua esposa deveria ser alguém que ele pudesse «amar», uma rapariga educada e culta com os mesmos interesses que ele.

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