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CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

28
Out09

PASSATEMPO – DOCES AROMAS

Rita Mello

 

 

Leia os primeiros capítulos de Doces Aromas, de Agnès Desarthe, e responda a esta questão:

Como se chama o restaurante da protagonista?

 

Envie a sua resposta para joanneharris@sapo.pt – e se estiver correcta e for a 1.ª, a 10.ª, a 25.ª, a 50.ª ou a 100.ª a chegar, ganha automaticamente um exemplar de  Doces Aromas, de Agnès Desarthe, que a ASA tem para oferecer. A data limite é sábado, dia 31 de Outubro.

Pode ler os primeiros capítulos do livro aqui.

 

27
Out09

ENTREVISTA COM AGNÈS DESARTHE

Rita Mello

 

 

Qual foi a inspiração por detrás de Doces Aromas?

Um dia apercebi-me de que passava mais tempo na cozinha do que na secretária a escrever. Despendia cada vez mais energia criativa a preparar pratos elaborados. Vi isso como um sinal e decidi usar os meus talentos culinários no meu novo romance.

Adoro cozinhar, e fazer compras é um processo bastante importante na culinária. Há uma espécie de reverência ligada ao próprio acto de escolher as frutas e os vegetais. Fico num estado muito próximo daquele em que fico quando estou à procura de uma palavra, do equilíbrio perfeito para uma frase.

 

Como conduziu a sua pesquisa?

Não quis fazer nenhuma pesquisa porque quis ser tão ingénua e indefesa como a minha personagem. Precisava de ver os problemas a aparecer ao lado dela, sem saber melhor do que ela qual a solução para eles. Mas posso acrescentar que já cozinhei para sessenta pessoas por dia, almoço e jantar.

 

Qual foi a coisa mais importante que aprendeu ao escrever este livro?

Descobri que não sermos capazes de amar o nosso próprio bebé era um assunto ainda mais tabu do que fazer sexo com um adolescente… mas isso aconteceu quando o livro foi publicado e posso afirmar que foi uma grande surpresa para mim. Tirando esse “assunto da recepção”, não acho que tenha alguma vez aprendido com a escrita. Quanto menos souber, melhor. O objectivo é ter dúvidas, perder, não aprender nada. Começo do zero com cada novo livro.

 

O facto de ser judia sefardita num país com uma longa tradição de anti-semitismo às claras e às escondidas e que tem também uma grande minoria árabe influenciou a sua escrita?

Na verdade sou meio sefardita e meio asquenaze. Cresci num país onde o sentimento de culpa ligado ao Holocausto impedia as pessoas de demonstrarem muito abertamente o seu anti-semitismo. Mas tudo mudou quando tinha vinte e tal anos: este sentimento de culpa foi substituído por um novo, ligado à descolonização e às atrocidades perpetradas pelo exército francês na Argélia. De repente as pessoas sentiram-se livres para dizer coisas como “porca judia” e tinha-se de fingir que não havia nenhum problema com os árabes. É tudo uma questão de sentimentos reprimidos.

A minha avó falava árabe, tal como o meu pai. Sempre senti que éramos uma espécie de árabes.

O facto de pertencer a uma minoria dever ter influenciado de alguma forma a minha escrita, de um modo que não sei dizer.

 

Como é que o facto de morar em Paris afectou a sua escrita?

Não sei bem se o facto de se morar num determinado sítio influencia a forma como uma pessoa escreve. Como escritora não moro em Paris, mas dentro dos meus livros. Mas neste romance, em particular, posso ter sido afectada ao imaginar o restaurante de Myriam pelos novos restaurantes que abriram recentemente na minha zona (entre o terceiro e o décimo primeiro bairro).

 

Como é que Paris afectou a sua vida?

Passo bastante tempo no campo, onde dou longas caminhadas. Isso ajuda a concentrar-me no meu trabalho. Como não gosto de passear em Paris (demasiado barulho, a qualidade do ar é péssima, não tenho terra macia debaixo dos pés), passo muito tempo em casa e cozinho, porque gosto de manter o meu corpo (ou apenas as minhas mãos) ocupado enquanto trabalho nos enredos.

Nunca me vi a mim mesma como parisiense. Nunca me senti tão perto de casa como em Moscovo. De um modo geral, acho que não pertenço a nenhum lado.

 

(Excerto de uma entrevista concedida ao site Paris Through Expatriate Eyes e disponível em www.paris-expat.com/interviews/5-08chez.htm)

26
Out09

AS VIDAS PRIVADAS DE REBECCA MILLER

Rita Mello

 

 

Rebecca Miller calcula que demorou mais de uma década “a sair do armário” como escritora. Filha do gigante literário Arthur Miller, indiscutivelmente o maior dramaturgo americano de sempre, a prudência dela é talvez compreensível. Como uma jovem escritora, lidar com o que chama de “peso e sombra” da reputação do pai teria, sem dúvida, sido bastante difícil.

Mas, tendo Arhtur Miller e a fotógrafa Inge Morath como pais, era por ventura inevitável que se tornasse numa artista. Depois de terminar o curso na Universidade de Yale na década de 80, ela expôs como pintora, trabalhou como actriz em Hollywood, representando no cinema e na televisão, e tornou-se realizadora, enquanto ia escrevinhando secretamente. “Estava sempre a escrever contos, e pensei que mais valia tentar com que fossem publicados e admitir que escrevia”, afirma a Rebecca Miller.

“Queria ser independente. A pintura, em particular, era algo que pertencia somente a mim. De certa forma, estou contente por ter esperado. Já experimentei muita coisa e talvez tenha tido tempo para melhorar a minha escrita.”

Muitos críticos acham que ela ficou bastante boa; o seu primeiro livro, a colectânea de contos Velocidade Pessoal, foi bem recebido. A editora Canongate afirma que tem “grandes esperanças” no primeiro romance dela, As Vidas Privadas de Pippa Lee, que sai em Abril e será um dos títulos em destaque na Primavera.

Apesar de ser uma escritora assumida e orgulhosa, Rebecca Miller continua com a sua outra paixão artística, a realização. Em 1995, realizou o seu primeiro filme, o bem recebido filme independente Angela, depois de o ter conseguido financiar através da “teimosia, sorte e pura ignorância”. Desde então já adaptou os seus dois primeiros livros para o grande ecrã e vai fazer o mesmo com As Vidas Privadas de Pippa Lee. As filmagens começam no Verão e vai contar com os pesos pesados Robin Wright Penn, Julianne Moore e Winona Ryder nos principais papéis.

Outro actor que já dirigiu foi o seu marido, o galardoado com um Oscar Daniel Day-Lewis, que conheceu em 1995, quando Day-Lewis estava a filmar a versão cinematográfica de As Bruxas de Salem, de Arthur Miller. Rebecca Miller, inteligente, aberta e afável, mostra-se um pouco mais reservada quando lhe pergunto sobre Day-Lewis, mudando sabiamente de assunto. Mas acaba por dizer que moram os dois no tranquilo e rural condado do Wiclow, na Irlanda, com os dois filhos.

Durante o processo de escrita de As Vidas Privadas de Pippa Lee, Rebecca Miller afirma que começou a ver a história numa “dupla visão”. “Quando acabei o livro, achei que tinha o suficiente para fazer um filme. Quase sempre escrevo livros que são livros e filmes que são filmes. Mas a minha curiosidade por estas personagens fez com que as quisesse explorar mais.”

As Vidas Privadas de Pippa Lee centra-se na personagem que dá nome ao título, uma mulher de cinquenta anos que se instalou numa comunidade para reformados com Herb, o seu marido muito mais velho. Aborrecida com a vida na comunidade e assustada pela decrepitude crescente do marido, ela olha para trás para a sua vida e para a sua juventude desperdiçada, as relações tensas com a mãe e os sacrifícios que fez pelos filhos.

Para Rebecca Miller, um dos temas principais do livro é a identidade como um “projecto mutável e em andamento”. “A ideia veio quando, depois de alguns anos, reencontrei uma amiga que era uma jovem rebelde na altura que a conheci. E agora ali estava ela, uma mãe respeitável e uma anfitriã graciosa. E eu não parava de pensar: ‘Como é que isso aconteceu?’”

Depois de concluir a versão cinematográfica de As Vidas Privadas de Pippa Lee, Rebecca Miller vai começar um novo livro. Ela tem pensando também nalguns projectos de filmes, mas admite que conseguir financiar os filmes exigentes que quer realizar é uma tarefa complicada. “Mas não faz mal, porque um dos aspectos maravilhosos sobre o modo como a minha vida está a correr agora é que ninguém me pode tirar a escrita. De uma forma ou de outra, vou sempre contar histórias.”

(Artigo da autoria de Tom Tivnan, publicado na The Bookseller, no dia 10 de Janeiro de 2008)

22
Out09

COMECE A LER DOCES AROMAS

Rita Mello

 

 

Sou uma mentirosa? Sou, pois disse ao meu banco que frequentei a escola de hotelaria e que fiz um estágio de dezoito meses na cozinha do Ritz. Apresentei os diplomas e os contratos que forjara na véspera. Exibi, assim, um BTS [diploma universitário de técnico superior] de gestão, uma bela falsificação. Gosto de viver em situações de risco. Foi o que me deitou a perder, outrora, é o que me leva a vencer, agora. No banco, ficaram encantados. Concederam-me o empréstimo. Agradeci sem hesitar. Uma inspecção médica? Nenhum problema. O meu sangue, o meu precioso sangue, é puro, completamente puro, como se nada tivesse passado por mim.

Serei uma mentirosa? Não, pois sei fazer tudo o que asseguro saber fazer. Manejo as espátulas como um malabarista as suas maças; qual contorcionista, acciono com leveza, e de forma independente, as diferentes partes do corpo: com uma mão, bato um molho, enquanto com a outra separo as claras das gemas e ato uma aumônière [espécie de crepe recheado de ingredientes doces ou salgados, que é dobrado e fechado em forma de bolsa]. É verdade que os adolescentes de lábio superior penugento e rosto salpicado de borbulhas, e cabelo gorduroso escondido debaixo do chapéu de ajudantes de cozinha, podem saber controlar a cor de âmbar de um caramelo definitivamente macio, amanhar um salmonete sem desperdiçar um miligrama de carne e alinhar salsichas como Penélope fazia malha. Mas. MAS! Fechem-nos numa cozinha com cinco garotos aos berros, cheios de fome, que lhes tolhem as pernas e são obrigados a voltar para a escola meia hora mais tarde (um é alérgico a lacticínios, e outro não gosta de nada), lancem os nossos valentes aprendizes neste fosso de crias de leões, com um frigorífico vazio, frigideiras cujo fundo deixa queimar os alimentos, e o desejo de servir aos garotos uma refeição equilibrada, e depois deixem-nos entrar em acção. Observem a obra dos corajosos jovens de faces rosadas e vejam como se desembaraçam.

Tudo o que os seus diplomas consagram, aprendi eu nas minhas vidas. A primeira vida, nos tempos remotos em que fui mãe de família. A segunda, numa época mais recente, quando ganhava o pão na cozinha do circo Santo Salto.

O meu restaurante será pequeno e de preços módicos. Não gosto de coisas complicadas. Chamar-se-á Chez moi, pois é lá que dormirei; não tenho dinheiro que chegue para pagar a renda de um estabelecimento e a de um apartamento.

Os clientes comerão todas as receitas que eu inventar, as que transformar, as que intuir. Não haverá música de fundo – sou demasiado emotiva – e os candeeiros do tecto serão cor de laranja. Já comprei um frigorífico gigante na avenue de la République. Prometeram-me um forno e uma placa de cozinha a preços acessíveis.

«Não se importa se estiver riscada? – De modo nenhum! Eu mesma estou bastante riscada.» O vendedor não se ri. Não sorri. Os homens não apreciam que as mulheres se desvalorizem. Também encomendo uma máquina de lavar louça com capacidade para quinze conjuntos de talheres, é o modelo mais reduzido. «Não será suficiente, afirma o tipo. – É o máximo a que posso atrever-me. Para os primeiros tempos, será suficiente.» O vendedor promete enviar-me clientela. Promete que ele próprio irá jantar um dia ao meu restaurante, sem avisar; para me fazer uma surpresa. Tenho a certeza de que está a mentir, mas é-me indiferente, não me seria agradável cozinhar para ele.

Cozinho com e por amor. Como proceder para gostar dos meus clientes? O luxo da interrogação leva-me a pensar nas prostitutas que, justamente, não têm direito a esse luxo.

Continue a ler os primeiros capítulos de Doces Aromas, de Agnès Desarthe, aqui.

21
Out09

DOCES AROMAS – AGNÈS DESARTHE

Rita Mello

 

Para os apreciadores de Chocolate, de Joanne Harris, e de Como Água para Chocolate, de Laura Esquivel, Doces Aromas reserva os sabores e os odores imprescindíveis ao romance… e a uma boa mesa.

 

Myriam é uma alma errante. Uma mulher contraditória cujo passado esconde memórias dolorosas e segredos inconfessáveis. Ela não faz a mínima ideia de como se gere um negócio quando decide abrir um restaurante num bairro calmo de Paris, mas, armada apenas com o seu amor pela culinária, está decidida a tentar. Inspirada pelos aromas e sabores de Paris, Myriam aposta tudo nesta nova aventura. Mal conseguindo pagar a renda, dorme às escondidas na sala de jantar enquanto tenta lidar com as recordações do passado e os sonhos que acalenta para o futuro. Mas, pouco a pouco, os seus pratos deliciosos atraem os vizinhos e Myriam apercebe-se de que pode ter-lhe sido dada uma segunda oportunidade na vida e no amor.

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