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CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

12
Out11

ENTREVISTA COM LESLEY PEARSE

Rita Mello

 

 

Porque decidiu passar a acção deste romance durante a Febre do Ouro do Klondike?

Fui atraída pelo conceito das pessoas serem arrebatadas pela Febre do Ouro. Todo o drama relacionado com o facto de abandonarem os seus lares e as suas famílias, percorrendo centenas de quilómetros através de montanhas cobertas de neve, vivendo sob condições terríveis e arriscando as vidas por algo que não tinham a certeza de alguma vez encontrar. Era uma espécie de loucura, mas que não deixava de ser corajosa e dramática, que ofereceu um grande material para uma história arrebatadora.

 

Como fez a sua pesquisa sobre este período e os árduos empreendimentos realizados por tantas pessoas em busca de ouro?

Comecei por ler dezenas de livros sobre este assunto e depois fui para o Alasca e o Canadá, seguindo a principal rota dos garimpeiros. É claro que não tive de atravessar o Chilkoot Pass carregando uma mochila com mais de vinte quilos às costas, mas, mesmo actualmente, trata-se de uma jornada muito difícil e complicada chegar a Dawson City. Eu tinha consciência de que se falhasse uma das ligações, quer fosse de avião, barco ou comboio, ficaria numa situação complicada. Apanhei toda a espécie de tempo: chuva, neve, gelo e sol. Mesmo no final de Maio havia grossas camadas de gelo em ambas as margens do rio Yukon. Grande parte da região ainda é selvagem, sendo que as distâncias são incríveis, por isso é fácil de imaginar os problemas e dificuldades com que estas pessoas inexperientes da cidade se depararam.

 

Beth e Sam encontram a América a atravessar um período muito difícil quando lá chegam. O que os fez ficar e perseguir os seus sonhos?

Muitos de nós não gostam de admitir o fracasso e, de qualquer modo, Beth e Sam não tinham nada à espera deles em Inglaterra caso regressassem. A América era um país jovem e promissor que não estava amarrado a preconceitos de classe, por isso era melhor para eles ficaram e trabalharem para serem bem-sucedidos.

 

Beth é uma mulher forte e corajosa, determinada a ganhar a vida. Como era ser uma mulher solteira e trabalhadora naquela altura? Onde foi Beth buscar a coragem para desafiar as convenções?

Nessa época, apenas as mulheres provenientes de meios pobres trabalhavam. Se os pais de Beth não tivessem morrido ela teria ficado em casa a ajudar a mãe até casar. Na verdade, Beth até queria trabalhar antes mesmo dos pais morrerem, mas era apenas um sonho de rapariguinha de sair de casa e conhecer pessoas. Ela desconhecia o quanto as mulheres tinham de trabalhar e pouco que recebiam.

A sua coragem foi inicialmente forjada pelo facto de ter sido deixada sozinha a cuidar da irmã mais nova quando a mãe morreu. De repente descobriu o que significava na realidade ser pobre e não teve outra alternativa senão arranjar trabalho a lavar roupa, só para poder ter comida para pôr na mesa. As provações têm por hábito tornar-nos mais fortes e corajosos, e Beth deve ter-se apercebido da injustiça da sociedade dominada pelos homens, reparando na escassez de oportunidades para as mulheres e decidido traçar o seu próprio caminho.

Mesmo na América teria sido considerado inaceitável uma mulher com uma educação cuidada tocar um instrumento musical num local público. Mas Beth não tinha nada a perder, nenhuma família a envergonhar, tendo tudo a ganhar com tornar-se popular. Foi corajosa ao escolher esse caminho, mas ela adorava a sua música, precisava de tocar e desde cedo se apercebeu de que não ligava às convenções.

04
Out11

ENTREVISTA COM CAROLYN JESS-COOKE, AUTORA DE DIÁRIO DO ANJO DA GUARDA

Rita Mello

 

 

Qual a razão que a levou a escrever?

É uma compulsão que me apanhou por volta dos meus cinco anos de idade, quando comecei um diário e em pouco tempo descobri que TINHA de escrever para as coisas me fazerem sentido. Ainda escrevo por essa razão, apesar de não ser uma escolha consciente; algumas pessoas correm, outras meditam, eu escrevo. Eu escrevo movida pelo medo, a ansiedade, o entusiasmo, o amor, e quando quero mesmo desabafar. Chegou a um ponto em que fico verdadeiramente ansiosa se não tiver uma caneta e uma folha por perto.

 

Acredita em anjos?

Não sei se os anjos têm asas com penas e halos, por isso retrato Margot, em Diário do Anjo da Guarda, como tendo cascatas a correr nas costas em vez de asas. Mas acredito na existência de anjos e que são expressões do amor de Deus pela humanidade. Sou fascinada pelo mundo espiritual, por aquele lado da realidade que poucas pessoas conseguem ver.

 

Quanto tempo demorou a escrever Diário do Anjo da Guarda?

Escrevi as primeiras cinquenta páginas num período de cerca de quatro semanas. Enviei-as àquela que é agora a minha agente, que me respondeu por e-mail nessa mesma noite a dizer que queria ver o resto do manuscrito. Passei a noite a transpirar porque: a) Ainda não tinha escrito o resto; b) Tinha A agente que verdadeiramente queria, entre todos os interessados na minha obra; e c) não fazia ideia de como ia escrever o resto, já que o semestre estava quase a começar e seria virtualmente impossível escrever estando a trabalhar a tempo inteiro. Por isso, enviei-lhe um e-mail e perguntei-lhe: “Pode dar-me duas semanas?”, sendo que ela respondeu que sim. Assim, cancelei todas as reuniões, compromissos, eventos sociais e actividades domésticas que poderia ter, e escrevi o resto do livro. Onze dias depois, tinha-o acabado, e no dia seguinte assinei com a minha agente. Um mês depois o livro já tinha sido vendido para dez países.

 

A premissa de Diário do Anjo da Guarda é bastante original: uma mulher que se torna no seu próprio anjo da guarda depois da sua morte. Como lhe surgiu esta ideia?

Quando olho para o que escrevi durante estes anos, mesmo quando era criança, encontro sombras do livro. Sou fascinada pela maternidade, por anjos, pelo arrependimento, e acho que estes três temas se fundiram no meu subconsciente para produzir este livro. Nesse aspecto, diria que a experiência da maternidade dominou o meu processo de pensamento – esse feroz amor e sentimento de protecção que nos arrebata quando temos um filho parecem-me ser a essência dos anjos.

 

Que conselho daria a alguém que quisesse ser escritor?

Primeiro e acima de tudo, escrevam, e não apenas actualizações no Facebook, no Twitter ou em blogues. Pensem no que estão a escrever. Tomem apontamentos. Recomendaria um bom manual de escrita com exercícios inspiradores para ajudar a escrever quando não nos apetece. Recomendaria também ter uma caneta e uma folha constantemente por perto; hoje em dia até uso o bloco de notas no meu telemóvel quando tenho uma ideia repentina. Também encorajaria o pretendente a escritor a tentar todas as formas de escrita: poesia, prosa, drama radiofónico. Vejam o que melhor se adequa a vocês, e pode ser que encontrem mais do que um tipo, o que é muito bom. Leiam fora da vossa zona de conforto. Vão a festivais literários e a todos os eventos que possam. E, acima de tudo, não rejeitem as vossas próprias ideias. Trabalhem-nas até que brilhem de genialidade. Nunca desistam!

 

Qual é sua rotina de escrita? Escreve todos os dias, tem um espaço próprio para escrever, tem certos rituais?

Escrevo quando e onde posso. Os meus filhos ainda são muito novos – tenho três com menos de quatro anos – e trabalho a tempo inteiro, por isso não me posso dar ao luxo de ter uma hora ou lugar específicos para escrever. Também me apercebi há muito tempo que precisava de ser bastante flexível na minha escrita para poder escrever quando estivesse no lava-louça, ou na minha cabeça, se não tivesse um papel e uma caneta. Acho que esta capacidade me poupa bastante tempo, o que no meu caso é importante já que não tenho muito tempo livre!

 

Qual o seu livro preferido de todos os tempos?

É atirar uma moeda ao ar e escolher entre a Odisseia, de Homero, e a Eneida, de Virgílio. Tive de estudar ambos os livros para o meu exame de Latim no secundário, quando tinha quinze anos, e depois na universidade, e nunca me cansei deles. São multifacetados, sempre relevantes e absolutamente intemporais.

 

Já alguma vez achou a escrita difícil?

Claro que sim! Há dias em que tenho dificuldade em me abstrair das distracções – muitas vezes por bons motivos – e é preciso sempre ter disciplina para nos sentarmos e regressarmos à história ou ao poema. Li recentemente que Jonathan Franzen sente que quando escreve um novo livro é como nunca tivesse escrito um romance, e sei perfeitamente o que sente. É como ter um filho – achamos que já aprendemos alguma coisa do último que tivemos, mas cada criança requer um novo conjunto de ferramentas e conhecimentos parentais. Para além da distracção, acho que a maior barreira à escrita é o desencorajamento. É ainda maior do que a rejeição – sentir que o que quer que escrevemos é um monte de disparates é verdadeiramente demolidor. Mas o truque é continuar a tentar até encontrarmos um pequena petita de ouro entre o lixo. E todos os dias são diferentes – há dias em que só conseguimos escrever lixo (lembro-me sempre de James Joyce se lamentar aos amigos de que só conseguia escrever sete palavras por dia; isso mesmo, sete) e outros em que tudo se transforma em ouro. É preciso ser bastante persistente.

 

O que está actualmente a escrever?

Estou agora a rever o meu segundo romance e a trabalhar no meu terceiro. Estou também a trabalhar numa segunda colectânea de poesia, por entre várias comissões e colaborações.

15
Set11

ENTREVISTA COM NICKY PELLEGRINO, AUTORA DE AS RAPARIGAS DA VILLA

Rita Mello

 

O seu mais recente romance revisita a família Martinelli, que já havia entrado em A Noiva Italiana. Aparecem também algumas personagens e lugares (Villa Rosa) de Os Ingredientes do Amor. O seu próximo romance é baseado nas mesmas personagens e lugares?

Na verdade, a família Martinelli entrou em As Raparigas da Villa sem ser convidada. Planeava incluir apenas Addolorata, mas o resto da família forçou a sua entrada. Ainda assim, gostei de ter conseguido ligar esta história com três dos meus livros, tanto em termos de personagens como de cenários. A ideia é que possam ser lidos em qualquer ordem e se possa reconhecer as pessoas e os lugares à medida que se vai lendo, mas, na verdade, também não importa muito se não os reconhecermos.

O romance no qual estou a trabalhar atualmente é muito diferente. Passa-se nos anos 50 em Roma e é sobre música e fama. Para já, o meu trabalho resume-se a passar bastante tempo a ver o filme Férias em Roma.

 

O tema gastronómico ecoa ao longo dos seus romances. Cozinha? E o que gosta de cozinhar?

Eu adoro mesmo comer e, inevitavelmente, isso significa que tenho de cozinhar. Adoro explorar novos sabores. No verão passado cozinhei imensa comida asiática, baseada em malaguetas, limas, molho de peixe e vinagre de arroz. No último ano passei por uma fase do Sul da Índia. Mas no fundo é à cozinha italiana à qual volto sempre. Faço um excelente risotto, apesar de ser melhor quem está preocupado com o seu consumo de queixo e manteiga evitá-lo.

 

Com quais das suas personagens se identifica mais?

Acho que todas as protagonistas que escrevi até agora têm um pedaço de mim. Em Os Ingredientes do Amor, parte da história de Alice era autobiográfica. Neste novo livro a protagonista, Rosie, tem uma relação com a comida com a qual me identifico. Acho que não consigo resistir à tentação de colocar um pouco de mim nas minhas protagonistas.

 

Que autores influenciaram o seu estilo de escrita?

Adoro escritoras como Jane Smiley, Rose Tremain, Andrea Levy e Audrey Niffenegger, mas acho que nenhuma delas influenciou o meu estilo de escrita. Quem me dera que bastasse ler uma obra brilhante para se poder escrever de forma brilhante.

 

Também costuma escrever críticas a montes de livros. Qual o seu género preferido?

Não gosto de romances policiais sangrentos e crus e não sou grande fã do género fantástico, mas tirando isso gosto de todos os géneros. Por isso, desde que seja arrancada por completo ao meu próprio mundo e puxada para dentro da história, não me importo que seja um romance histórico, literário, um thriller, uma história de fantasmas ou o tipo de ficção feminina contemporânea que eu própria escrevo.

 

Que conselho daria a aspirantes a escritor?

Façam-no! Deixar para depois é a coisa mais fácil do mundo e há sempre uma razão para não escrever. Geralmente, aconselho as pessoas a traçar uma meta – nem que sejam apenas mil palavras por semana – e a cumprirem-na.

 

Qual o seu objetivo para os próximos cinco anos?

Não sou de fazer grandes planos. Os meus objetivos atualmente são acabar o livro no qual estou a trabalhar, expandir a minha horta e perder dez quilos (como sempre). A determinada altura gostaria de ir viver um ano em Itália, mas tenho cães, um cavalo e um marido e não me vejo a abandoná-los durante tanto tempo.

 

Tem alguma pergunta que gostaria que um entrevistador lhe tivesse colocado e qual seria a sua resposta a ela?

Este é o meu quinto romance com sabor a Itália e nunca ninguém me perguntou por que razão não escrevo uma história que se passe noutro país. A resposta a isto é que para escrever sobre um lugar é preciso conhecê-lo bem mas estar afastado dele. Em criança passava as minhas férias em Itália, tenho um pai italiano e volto lá ano sim ano não, sempre que possa. Para além da comida sou fascinada pela personalidade dos Italianos, só assim se explica que tenham um primeiro-ministro como Silvio Berlusconi!

 

(Entrevista publicada no TVNZ)

09
Jun11

ENTREVISTA COM DOMENICA DE ROSA, AUTORA DE AQUELE VERÃO NA TOSCANA

Rita Mello

 

Porque escreveu sobre um curso de escrita criativa?

Sou fascinada por estes cursos e quis sempre tirar um. Agrada-me o facto de se poder saber mais sobre os outros através da sua escrita criativa. Quis também desafiar-me a escrever em vários estilos diferentes.

Que livro ficcional mais gostou de escrever?

Sem dúvida o épico de ficção científica As Sete Luas de Jaconda, do Matt. Adorei deixar pistas na narrativa que permitem ao leitor saber em que pensava o Matt.

Qual dos autores tem mais hipóteses de ser bem-sucedido?

Bem, estatisticamente, é o trágico livro de memórias da Dorothy. Mas, como eu tento mostrar, não nos devemos fiar sempre nas estatísticas. Os grandes sucessos editoriais são muitas vezes completamente inesperados, tais como o Harry Potter, O Bandolim do Capitão Corelli e Breve História dos Tractores em Ucraniano.

Qual dos casos amorosos tem mais hipóteses de sucesso?

Acho que é o da Mary e do Ado. Adoro escrever sobre pessoas que encontram o amor na casa dos setenta. Sei através da experiência de amigos que isto pode acontecer e que este amor é tão arrebatador e poderoso como quando se tem vinte anos.

Inspirou-se na sua experiência editorial para este livro?

Sim. Já fui directora editorial de literatura infantil da HarperCollins e, é claro, recebi imensos manuscritos. O que mais me entristecia era que muitos eram mesmo bons, mas os editores só publicavam os que davam dinheiro.

Vai escrever outro livro passado em Itália?

Talvez, mas não para já. Acho que o meu próximo livro se vai passar em Broadstairs, no Kent, que é também um lugar bastante mágico…

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