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CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

CHOCOLATE PARA A ALMA – LER NÃO ENGORDA

04
Jan10

AS VIDAS PRIVADAS DE ROBIN WRIGHT PENN E KEANU REEVES – ENTREVISTA AO I

Rita Mello

 

Entrevistar dois actores em simultâneo é uma aventura imprevisível. Sobretudo tratando-se de figuras que merecem um interesse exclusivo, como Robin Wright Penn ou Keanu Reeves. A conversa realizou-se há quase um ano no Berlin Marriott Hotel, em pleno Festival de Berlim, durante a promoção do filme As Vidas Privadas de Pippa Lee, uma adaptação do livro que a própria autora Rebecca Miller se encarregou de realizar e que conta a história de uma mulher casada (Robin Wright Penn) que encontra um homem mais novo (Keanu Reaves). O desafio era delicado: por um lado, vencer o rosto habitualmente fechado de Keanu Reeves; ao mesmo tempo evitar cair na amena cavaqueira entre dois talentos, sempre difícil de gerir; por fim, tentar ultrapassar a esfera do filme e abordar a vida de Robin, guardando a cautela necessária por saber que estaria a viver a anunciada tensão conjugal (a separação viria mais tarde) com o agora ex-marido Sean Penn.

A Robin tem aqui uma das melhores interpretações da sua carreira. Que a atraiu neste projecto?
Robin Wright Penn (RWP)
Obrigada. Mas a minha personagem, sendo a protagonista, não tinha de demonstrar a sua própria história, porque já estava desenvolvida pelos actores que preenchiam o passado de Pippa Lee e que, de certa forma, a revelavam. Isso foi óptimo e ajudou-me bastante.

É difícil entrar num filme que vai já, por assim dizer, a meio da viagem?
RWP
Bom, digamos que tive bastante tempo para a preparar. Desde logo, passei um ano e meio com a Rebecca Miller [a realizadora]. Estava previsto iniciar a rodagem um ano mais cedo, mas faltava-nos um actor para a personagem de Chris [Keanu Reeves]. Isso fez- -nos perder o investimento inicial e um ano de discussões . Entretanto, tinha o livro - a Bíblia - e o discípulo que a escrevera. Fomo-nos entretendo.

O Keanu tem neste filme um papel relativamente secundário. Sente um tipo de responsabilidade diferente de quando é o protagonista?
Keanu Reeves (KR)
Gosto da responsabilidade. Neste caso, posso dizer que foi uma óptima experiência. Foi um trabalho breve, mas comprometido.

Como foi trabalhar com a filha de Rebecca Miller, filha do grande [escritor] Arthur Miller?
KR
Especial. Vi alguns dos filmes dela, que admiro bastante, como Personal Velocity [2002] ou A Balada de Jack e Rose [2005]. São filmes únicos. Foi emocionante conhecê-la, ler o guião e trabalhar com ela.

Chegou a pensar conservar a tatuagem que usa no filme?
KR
Não...

Porque gosta tanto dos filmes de Rebecca?
KR
São histórias muito pessoais, mas sempre envoltas por uma aura universal. É algo único e fora do comum. Não sei como encontra estes temas que vêm de lugares únicos. Há ainda um humor subtil, uma certa brandura no cinema dela.

Há algo em particular na sua personagem que o tenha fascinado?
KR
Gostei muito das contradições do Chris Nadeau. Foi interessante conviver com ele, porque deveria ser um tipo aberto, mas acabava por revelar-se mais cauteloso. No filme, é o estranho, mas também o amigo e o amante... De certa forma, ele faz parte da viagem pessoal de Pippa Lee.

 

20
Out09

PASSATEMPO – AS VIDAS PRIVADAS DE PIPPA LEE

Rita Mello

 

 

 

Quem realizou a adaptação para o cinema de As Vidas Privadas de Pippa Lee? 

Envie a sua resposta para joanneharris@sapo.pt – e se estiver correcta e for a 1.ª, a 10.ª, a 25.ª, a 50.ª ou a 100.ª a chegar, ganha automaticamente um exemplar de As Vidas Privadas de Pippa Lee, de Rebecca Miller, que a ASA tem para oferecer. A data limite é sexta-feira, dia 24 de Outubro.

16
Out09

COMECE A LER AS VIDAS PRIVADAS DE PIPPA LEE

Rita Mello

 

RUGAS VILLAGE

 

Pippa tinha de admitir: a casa agradava-lhe.

Explicaram-lhes que aquela era uma das moradias mais recentes. Tinha máquina de lavar louça, máquina de lavar roupa, máquina de secar roupa, microondas, forno eléctrico, tudo novo. Alcatifa nova, fossa séptica, telhado. No entanto, o chão da cave tinha uma racha no cimento e algumas das juntas dos azulejos da casa de banho estavam a ficar negras de bolor. Sinais de decadência, como numa velha boca com reluzentes coroas coladas aos cotos dos dentes, pensou Pippa. Perguntou-se quantas pessoas teriam morrido naquela casa. Marigold Village, condomínio residencial para seniores: um prelúdio do Céu. Ali, não faltava nada: piscina, restaurantes, pequeno centro comercial, bomba de gasolina, loja de macrobiótica, aulas de ioga, courts de ténis, enfermeiros. Havia um psicólogo de serviço, dois conselheiros matrimoniais, um terapeuta sexual e um herbanário. Clube de leitura, clube de fotografia, clube de jardinagem, clube de miniaturas de barcos. Uma pessoa podia fazer tudo ali dentro, sem nunca ter de sair. Pippa e Herb haviam-se deparado pela primeira vez com Marigold Village há vinte anos, quando regressavam à sua casa de praia, em Long Island, depois de um almoço com amigos no Connecticut, tinha Pippa acabado de fazer trinta anos, e Herb, sessenta. Herb enganara-se no caminho e deram por si numa estreita rua serpenteante, ladeada de aglomerados de casas térreas castanho-acinzentadas. Eram cinco horas da tarde, num dia de Abril; a luz do entardecer lançava um tom dourado e difuso sobre os relvados impecavelmente tratados. As casas pareciam todas iguais; à entrada de cada caminho de acesso comum, havia uma colmeia de caixas do correio numeradas. Alguns dos números eram da ordem dos milhares. Herb convencera-se de que bastava virar duas vezes à esquerda e uma à direita para voltarem para a estrada principal, mas parecia que cada curva os sugava ainda mais para o interior do condomínio.

– É como nos contos de fadas – disse Pippa.

– Quais contos de fadas? – perguntou Herb, numa voz exasperada. Pippa tinha a mania de ver poesia em tudo. Ninguém como ela para transformar o facto de se terem perdido num bairro residencial numa história saída da imaginação dos Irmãos Grimm.

– Aqueles – explicou ela – em que há umas crianças que entram numa floresta e, de repente, tudo se transforma à sua volta, todos os pontos de referência da paisagem mudam por magia, e elas perdem-se, e depois aparece sempre uma bruxa qualquer pelo meio.

As árvores esconderam o que restava do sol. A luz esmoreceu.

– Pelo menos uma bruxa poderia dar-nos indicações para sairmos daqui – resmungou Herb, virando o volante, que, nas suas mãos enormes, parecia um brinquedo.

– Acho que já é a segunda vez que passamos por aquela fonte – disse ela, olhando para trás.

Depois de mais vinte minutos às voltas, foram parar à bomba de gasolina de Marigold. Um adolescente simpático, de farda azul-marinha, indicou-lhes o caminho. Era tão simples: bastava virar duas vezes à direita e depois à esquerda. Herb nem conseguia acreditar que não tinha sido capaz de chegar àquela conclusão. Passados uns dias, quando souberam que Marigold Village era um condomínio para reformados, riram-se. Rugas Village, era assim que lhe chamavam as pessoas da zona. «Andámos tanto tempo às voltas», dizia Herb sempre que contava a história, «que estávamos a ver que chegávamos à idade da reforma e já nem valia a pena sairmos de lá.»

A história teve ainda mais piada quando foi contada na festa que Pippa deu para inaugurar a casa, no terceiro sábado depois de se terem mudado para Marigold Village. Muitos dos seus amigos mais chegados encontravam-se presentes para, desconcertados, comemorarem com eles a sua nova vida no condomínio.

15
Out09

AS VIDAS PRIVADAS DE PIPPA LEE – REBECCA MILLER

Rita Mello

 

Por detrás de um único nome, escondem-se muitas vidas.

De quais abdicamos em troca de uma promessa de felicidade?

 

Pippa é a mulher perfeita. Os seus amigos consideram-na uma das pessoas mais graciosas, bonitas e estimulantes que alguma vez conheceram. Embora o seu passado esconda uma infância problemática, uma tumultuosa entrada na idade adulta e muitas escolhas difíceis, Pippa parece finalmente viver uma vida de sonho. É casada com um editor de sucesso e mãe de dois filhos. Vive numa casa irrepreensível em Manhattan e passa férias na sua moradia de luxo, à beira-mar. Tudo muda no dia em que o marido decide que está na altura de saírem de Nova Iorque com destino a um condomínio residencial para idosos, “uma medida preventiva contra a sua decrepitude”. Ele tem 80 anos mas Pippa apenas 50. Subitamente, a mulher que foi em tempos verdadeiramente selvagem e impetuosa dá por si a viver uma vida tipicamente suburbana. Por entre o zumbido de cortadores de relva, trocas de receitas e afazeres domésticos, ela começa a interrogar-se: como é que vim parar a este lugar?

 

Retrato acutilante das múltiplas facetas que cada pessoa encerra, As Vidas Privadas de Pippa Lee foi adaptado ao cinema com interpretações de Robin Wright Penn, Blake Lively, Winona Ryder, Julianne Moore, Monica Bellucci e Keanu Reeves.

15
Out09

AS VIDAS PRIVADAS DE PIPPA LEE – A CRÍTICA

Rita Mello

 

 

“Excelente.”
The Guardian

 

“Uma das melhores estreias do ano.”
Literary Review

 

“Rebecca Miller explora com perspicácia as consequências imprevisíveis de se escolher viver uma vida segura mas emocionalmente comprometida.”
Daily Mail

 

“Contemplar estas múltiplas facetas de Pippa é como abrir uma série de bonecas russas, cada uma delas intricadamente trabalhada, independente e reveladora.”
The Observer

 

“A prosa de Rebecca Miller é firme e envolvente; move-se ao seu próprio ritmo acelerado e está recheada de imagens que “abrem” o texto, revelando as águas sombrias que correm por baixo.”
The Times

 

“Um estudo mordaz e elegante sobre papéis e reinvenções.”
Tatler

 

“Um romance único, como a própria Pippa.”
San Francisco Chronicle

 

“Extraordinário.”
Psychologies

 

“Um livro extremamente agradável e cativante.”
The Sunday Telegraph

 

“Poderoso, divertido e inteligente.”
Financial Times


“Uma escritora talentosa e bastante visual.”
The New York Times

15
Out09

REBECCA MILLER

Rita Mello

 

 

Rebecca Miller começou a sua carreira como pintora, tendo apenas mais tarde sido tentada pela realização e a escrita. Escreveu e realizou Velocidade Pessoal (Grande Prémio do Júri no Festival de Sundance em 2002), bem como A Balada de Jack e Rose e Angela. As Vidas Privadas de Pippa Lee foi transposto pela autora para o grande ecrã, num filme produzido por Brad Pitt e protagonizado por Robin Wright Penn, Winona Ryder, Julianne Moore, Monica Bellucci, Blake Lively e Keanu Reeves

 

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